Caminhada a Pé(naltis)

Ora meus caros amigos e amigas, que já pensavam que eu tinha sido comido por um jacaré, enganaram-se. Cá estou eu outra vez a contar histórias do "Mato".
Desta vez foi um passeio/maratona no mato. Levantamos cedo (tipo 6 da manhã) para irmos bater mato.
Carreguei na mochila uma garrafa de água, uma maçã, 8 bolachas Maria (lá estou eu a fazer publicidade gratuita...), um maço cheio de cigarros, 2 isqueiros (para se um falhasse) e repelente para os cabrões dos mosquitos (que por sorte não gostam do meu sangue) mas vale sempre a pena levar.
Lá partimos nós para o mato, eu, o meu chefe, um auxiliar e um segurança (armado) para ir investigar zonas onde acho que ninguém tinha pisado ainda.
Começamos por um pequeno trilho (que aqui chama-se picada e acho que eles tens razão, uma pessoa pica-se toda no raio do capim) de inicio foi quase em ritmo dos 100m barreiras, e eu pensava mas estes gajos será que andam sempre assim tão rápido... Assim não devo aguentar...
Ao final de uns 4 km paramos para mudar de rumo, porque os locais pretendidos estavam na direcção do capim (mato serrado) e aí é que começa o verdadeiro Ironman..
Capim com mais de 3 metros de altura, todos em fila indiana e ali acabou-se os corredores "lebre", que iam a abrir mato, ao fim de uma hora só tínhamos andado um kilometro... e o segurança começa a apagar-se...
Dizia que era falta de comida no estômago e lá paramos para ele descansar, e perguntamos-lhe pela comida dele e ele : "Não trouxe nada chefe"...

GRRRRRRR
Lá lhe tive que dar 4 das minhas 8 bolachas e o meu chefe deu-lhe água...

E ao fim de 20 minutos de descanso lá continuamos, e 20 minutos depois o auxiliar rebentou também... Um gajo que vai caminhar e leva botas de borracha (Galochas) só podia ficar no mínimo assado...

E mais uma paragem.

E ao fim de muito tempo no meio do mato e meio perdidos...( o perdidos é para dar emoção, porque tínhamos mapa e gps) Encontramos o primeiro ponto que procurávamos e era só um pântano... quase que nem paramos porque os mosquitos comiam-nos vivos, eram aos milhares.
E lá seguimos para mais um ponto que queríamos analisar e mais uns km no meio do mato cerrado, um calor abrasador, a água a acabar e no caminho encontramos o meu novo amigo, um tubérculo chamado Ginguenga que é amargo mas que mata a sede, apanhamos todos os que havia e seguimos o nosso caminho.
Chegamos ao penúltimo ponto e o segurança e o auxiliar estavam quase mortos..
Tiramos as nossas conclusões e queríamos seguir, mas no estado em que eles estavam tivemos que desistir de ir ao ultimo ponto senão passávamos a noite lá e mesmo assim tínhamos duvidas de achar a saída dali...
Passamos ribeiros mal cheirosos, e mais mato serrado e mais ribeiros e mais mato cerrado..e quase a chegar ás 6 horas a andar tivemos de parar um pouco para recuperar forças para ver se conseguíamos chegar a uma picada que víamos no mapa mas que teimava em fugir de nós..
E já no limite de forças o meu chefe diz ao segurança:

- Finda se conseguires ir este ultimo troço sempre sem parar dou-te 3 gasosas.

E imaginem o que aconteceu... Parecia que se tinha acabado de levantar fresquinho bem fresquinho, começa a acelerar o passo no meio do mato com a catana a cortar e cortar e cortar e finalmente achamos a estrada ( o que umas gasosas não fazem... fazem milagres..)
Mas mesmo por estrada faltavam ainda uns bons 10 km a pé, passamos por uma aldeia que se não é o local onde Judas perdeu as botas é lá mesmo ao lado...
Casa feitas em barro e telhados de palha..

E pronto só no final da caminhada é que me lembrei de algo... Tanto tempo no mato e as cobras???
Fogo nem me lembrei delas..

Mas foi muito bom, sentir que estava no "cu de Judas" onde ninguém ou quase ninguém tinha pisado antes.. E saber que a minha resistência fisíca tá no ponto..